quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sozinhos

Não são solitários, são a solidão. Vivem sem ninguém, entre o medo e o passado, e morrem de mansinho, pedindo vergonha pelo incómodo, sem fazer alarido nem abrir a janela. São os velhos do nosso país! São aqueles que não têm ninguém, ou que foram esquecidos por todos, que espreitam de portas sem postigos, que têm como horizonte  a morte certa. Já trabalharam, já deram colo, já beijaram e, com certeza, já partilharam abraços quentes em noites frias. Agora, enchem estatísticas que, sinceramente, me envergonham. Não faz sentido este mundo de abandono, não tem razão esta solidão consentida.
O que fazer? Talvez alguma coisa, com certeza muito mais do que o que existe! Nesta noite fria, numa solidão para mim rotineira, penso nos muitos velhos que têm morrido sozinhos. Também eu,  em breve, serei velha mesmo. O que acontecerá ao meu abraço vazio, ao meu silêncio longo, à minha noite de insónia? Penso nos velhos e tenho vontade de chorar. Perdoem-me o (talvez) egoísmo, mas eu conheço bem a dor da solidão...

3 comentários:

  1. A solidão é uma verdade, bem real e bem existente.

    Mas não é só um problema da velhice.

    Solidão, solidão mesmo,é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos, em vão, pela nossa alma.

    Cumprimentos.

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  2. Penso que de certa forma todos conhecemos a dor da solidão, pelo menos em algumas fases da vida. É inevitável. Mas a solidão na velhice é muitíssimo mais pesada e dolorosa, porque já não há esperança, não há projectos.
    Só uma uma dolorosa espera.

    Um beijo

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  3. Também acho que a solidão verdadeira é quando nos perdemos de nós mesmos, seja em que idade for.
    Os velhinhos que morrem sem ninguém ter dado por isso, não é uma solidão escolhida por eles.Quase sempre é por falta de amor e respeito da família. A família fica longe e faz-se despercebida, pois é cómodo.Mesmo vizinhos, que não sentem os movimentos habituais das pessoas, deviam logo dar alertas, pelo sim , pelo não, às entidades mais próximas e até trocarem impressões uns com os outros, se alguém sentiu o viu, quem está em falta. Parece-me que isto, sim, já está a entrar na preocupação das pessoas.
    Realmente o Estado aqui, já faz bastante.Dantes, não havia mesmo nada.Mas o estado não pode "Ser família"...

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