sexta-feira, 6 de junho de 2014

FINAL DE ANO LECTIVO

Acabou hoje, para milhares de alunos, mais um ano lectivo. Outros, mais novos, continuarão em aulas por mais uns dias, mas no ar está o perfume de férias... Olho sempre com um misto de emoções esta época do ano. Estou aliviada porque, como diziam no Juego de La Oca, foi uma prova superada.
Dei o melhor de mim, posso dormir descansada porque, aconteça o que acontecer nos exames, os meus alunos sabem que eu fiz o melhor que sei e que nunca os descurei! Por outro lado, experimento já uma saudade imensa. Saudade da refilice  do David, da calma da Margarida, da curiosidade da Beatriz, da preguiça do Francisco, da irreverência bem disposta do André,... O que será destes miúdos para o ano? Conseguirão o futuro que desejam? Partirão para países distantes? O André gosta de pescar achigãs. Irá para um pais sem rio, para uma terra sem espaço para a sua pesca? Penso em todos, e em cada um, e tremo. Não acredito no mundo., desconfio da Humanidade. Receio as armadilhas, as injustiças, os calhaus enormes que os meus meninos irão, de certeza, encontrar pelo caminho.
Penso, também, nos mais pequenos. No Afonso, sempre em stress, na Ana Aurora, a gastar a vida como se fosse algodão doce, na Mariana, a crescer doendo, na Matilde, atenta e segura, no Miguel, contestatário e curioso, no Filipe, cumpridor e atento, na Patrícia, sorridente e disponível, na Catarina, de traço firme e mente voadora, na Catarina, de olhos meigos e sorriso fácil, na Ana, de silêncios múltiplos, no João Pedro, pertinente e certeiro, no Tiago, com a cabeça na bola de futebol, no Miguel, de pala sempre bem firme e cuidada, no Luís, a pedir sempre atenção, no Carlos, ausente e distante, na Ana, de canudinhos e olhar curioso, na minha Bia, sempre na dança e de olhar perdido em mil saris, na Michelle, galopando com o olhar pela janela da sala, na Mariana, amiga e curiosa, na Carolina, endiabrada e perdida, na Fernanda, maquilhada e terna, em todos! Tantos! E a quem o país não permite crescer, de facto. Miúdos aos quais a Escola de hoje fica incrivelmente curta! Em Setembro, mais espigados, vão voltar a encher a escola de sorrisos e protestos. Mas depois, muito em breve, porque Chronos é cruel, terão abandonado as paredes da velha escola que os viu crescer. Onde irão? Ah, às vezes desejava que, como as andorinhas que sujam a parede da minha velha casa, voltassem sempre para mim...
Olho o ano que se esgota, agora rapidamente, e penso em tanto que ficou por fazer mesmo, de facto, tendo consciência que fizemos muito! Penso, com um pouquinho da nostalgia que agora me invade, que, se crescer dói, envelhecer dilacera...

2 comentários:

  1. Luisa, a professora que foi para as Anas, a Michelle, a Carolina, o Tiago , para a Catarina de olhos meigos... e muitos outros, certamente nunca será esquecida. Muitos não voltarão como voltam as andorinhas, um ou outro cruzar-se-à de novo consigo e então ouvirá: professora, professora! Como gosto de a ver! Está na mesma! Seguir-se-à muito provavelmente um abraço e o seu coração ficará de novo cheio de ternura!

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