domingo, 16 de agosto de 2020

AS JOANAS

 Entraram no meu carro sorrindo, de calções, a juventude a gritar beleza, e logo avisaram que,se o bolo não estivesse bom, era porque elas mesmas o tinham feito. O acordado era um almoço e uma tarde na piscina, conversando e preparando, como muita amizade, a partida para a Universidade. 

São as minhas Joanas. Duas. 

Durante um ano, conversámos muito, falamos de escrita, de escritores, de textos. Desafiei-as a pensar, quero acreditar que as ajudei a encarar a leitura, e a escrita, com outro olhar. Hoje, são pré-universitárias e, como o Poeta, carregam nelas todos os sonhos do mundo. 

O bacalhau, com a sangria de frutos vermelhos, soube-nos muito bem e permitiu falar de medos, de ansiedades, de muitas experiências vividas na Escola e fora dela. Depois, as três estivemos dentro de água, conversas líquidas de mulheres e eu, mais velha, não consegui não me surpreender com a forma como estas miúdos cresceram ao longo do ano.

As minhas Joanas, são irremediavelmente um pouco minhas, merecem o melhor do mundo. E eu sei que hão-de experimentar o menos bom , mas não lhes digo. Confio nestas meninas-mulher, as mesmas que me ofereceram um delicioso caderno, que personalizaram com frases que eu muito uso, para que registasse os meus pensares, os meus sentires.

Ah, queridas Joanas, não saberão talvez o bem que me fazem. Não poderão avaliar como me aquece a existência o vosso carinho, como me orgulha que, sem precisarem já de mim para nada, me procurem para passar uma tarde e para desfiar confidências. Ser Professora, para mim, também é isto. Esta cumplicidade que fica para sempre e que, sem dúvida, nos torna muito mais ricos.

O bolo, é claro, estava delicioso!


1 comentário:

  1. Luisa, eu sei tão bem do qUe fala e do que sente! Que não as perca no desfiar do tempo, que elas possam sempre regressar a si... talvez terem consigo confidências que com mais ninguém têm!

    ResponderEliminar