segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A outra solidão


Saí de casa com calma, sem rumo, pensando nessa coisa que dizem ser vida, em encontros e desencontros, saudades e recordações, projectos e sonhos, e rumei a Marvão. É o meu refúgio de sempre. Dantes, com as minhas filhas pequenas, fugia para lá com elas, nas longas manhãs de domingo, para conversarmos e brincarmos no parque infantil. Um dia, uma manhã de Abril, encontramos o parque infestado de bichas-cadelas (as horríveis rapas) e fugimos dali com a Filipa a ordenar,sempre foi boa para dar ordens..., que acelerasse de forma a que elas fossem atropeladas! Mas, tirando esse incidente, que hoje recordamos as três entre gargalhadas, passámos lá óptimas manhãs. No domingo, sozinha, voltei a Marvão e, em vez de bichas-canelas, descobri muitos bichos-homens ruidosos. Indiferente aos turistas, na sua maioria espanhóis buscando comida barata, descobri o outro lado da solidão. O bom. Descobri que é muito bom mesmo, às vezes, estar sozinha e fazer o que nos dá na real (ou republicana) gana. Foi o que eu fiz! Andei pelas ruas escadeadas, espreitei a igreja, reparei no parque infantil recuperado e, tristemente, cercado de grades qual jaula para feras, e comprei um travessão de barro para o meu cabelo num artesanato de dono inglês. Depois, tomei um café com um pacote de açucar, que não uso nunca, onde se lia "um dia, vou ser feliz. Hoje é o dia!" e foi mesmo! um dia feliz do outro lado da minha solidão!

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