quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Rendo-me...

Fui vencida, não convencida. Rendo-me. Baixo os braços, olho o chão e tremo de indignação. Mas rendo-me! Contra tudo aquilo que defendo, com o coração em pedaços e a inteligência esfrangalhada, cumpro o disposto num qualquer decreto de lei deste país sem sentido e proponho-me para prestar provas que me permitam (?) ser professora titular! Porque cedo? Porque sou fraca! Porque não tenho vocação para heroína, porque estou cansada de lutar contra a estupidez institucional. Para me consolar, e para me levar à rendição, amigos falam-me na força da lei. Hoje, perguntavam-me se, se tivesse vivido no reinado de D. João V sendo judia, não passaria a cristã-nova, não substituiria as farinheiras por alheiras... Mas nada me consola! Nem sou judia, nem este é, por enquanto, um caso de fogueira. Sinto-me mal comigo por entrar no esquema da estupidez, por ter medo de me prejudicar na carreira docente. Por isso,movida por interesses só materiais e descrente de qualquer interesse desta tarefa, vou fazer um trabalho e vou prestar provas perante um júri ao qual nem sequer reconheço mérito ou competência!! Dói-me a minha decisão. Mas dói-me, mais ainda, a humilhação que o meu país me impõe.
Hoje, só me apetece praguejar!!

1 comentário:

  1. Luísa! Sei que é pesado, mas não significa nada. Toda a vida, de um modo ou de outro, fomos "classificados". Quando entrei para o ensino tive que assinar uma declaração a dizer que nunca aceitaria certas doutrinas (já nem me lembro do que assinei: assinavas "n'importe quoi", ou não entravas para funcionário público!... Há coisa mais estúpida do que chumbar num exame quando se foi observado ao longo do ano por professores que nos conhecem? Ou não entrar no curso para que te sentes vocacionado(a) porque te faltam umas décimas? O importante, verdadeiramente importante é "não cederes" naquilo que achas fundamental no teu acto de professora: ensinar aquilo que achas e do modo que achas, mesmo que depois haja uma ou outra cedência "para o programa" -que sempre existiu (nem tu sabes como, ou até sabes, noutros tempos...). Vá lá, coragem e sempre em frente com a força que tens no que é fundamental - e tu sabes o que é...

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