quinta-feira, 8 de julho de 2010

As Notas!

Foram hoje afixados, no país inteiro, os resultados dos exames de 1ª fase de 12º ano. Logo cedo, as escolas encheram-se de ansiedade! Eram os alunos, os pais, os professores também. Para uns, em causa está a entrada, ou não, no Curso pretendido, a saída de casa dos pais, um passo de gigante no futuro; para outros, está o crescer inevitável daqueles seres que são sempre miúdos para quem, um dia, lhes mudou as fraldas; para os terceiros, em causa está até (imagine-se!!!) a qualidade do ensino realizado.
Se posso compreender a ansiedade de jovens e pais, tenho muita dificuldade em entender a dos professores. Não compreendo como se pode querer fazer corresponder a nota de um ano lectivo, com diversos elementos de avaliação, a possibilidade (e obrigação) de avaliar um processo de meses, com o resultado obtido numa única prova, num único momento. Querer fazer corresponder a nota do exame à nota do 3º período, é o mesmo do que dizer que um aluno que teve um treze num teste não pode ter 17 ou 18 no fim do período!!!
Todos os anos, nesta altura, me irrito com o que considero ser uma verdadeira aberração pedagógica! O exame é uma formade aferir resultados, não podeser uma meta, um objectivo de aprendizagem. Por favor!!!
Pior ainda, acontece quando, com a paranóia da nota do exame, se deixam de desenvolver competências para, quase exclusivamente, se treinarem exercícios idênticos aos que sairão no dito exame... A Escola passa a viver para a imagem, para o que parece, e não, como devia, para a essência e para o que É de facto o saber.
A Escola portuguesa do século XXI, que integro numa profissão que um dia amei, decepciona-me cada vez mais!
Eu sei, como sei!!!, que pensar é uma actividade de risco, que a cultura é uma forma de liberdade e, por isso mesmo, não posso aceitar com indiferença que o meu país promova a ignorância sem que os cidadãos se revoltem.
Como, um dia, os meus alunos escreveram "Esta Escola fica-me curta...". Excessivamente curta!!

1 comentário:

  1. “A escola fica-me curta…”. Foi um texto que me conferiu uma boa nota, mas que a horrorizou.
    Lembro-me exactamente das suas palavras: “Que horror! Pensas mesmo isto?”. Eu, convictamente!, repeti vezes sem conta “Claro que sim, penso isso!”.
    Hoje, felizmente, não sou a única a denunciar as monstruosidades, as anomalias, as aberrações que se podem vivenciar a nível educativo. Agora, é com muita pena, que vejo não ser a única a sentir tristeza, desilusão e decepção em relação à educação que prevalece em Portugal.

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