quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Redes Sociais

Há dias que me confundem! Sinto-me um fóssil, um homem - neste caso mulher - do tempo da pedra lascada. Sinto-me fora do tempo, nativa de outra dimensão! E isto acontece com cada vez mais frequência o que, convenhamos, é grave. Muito grave quando ocorre, como hoje, no meu espaço  profissional... Entrei na sala de professores, um lugar de conversa e trabalho, e reparei que muitos colegas, muitos!, estavam envolvidos em si mesmos. Olhei melhor e constatei que estavam dobrados sobre os computadores portáteis, Magalhães e afins, nos Facebooks. Num esforço de integração, estou cansada de ser marginal, aproximei-me. Uma colega estava a vender ovelhas e a negociar a compra de um estábulo. Outro procurava feno, outro dava milho às galinhas. Perguntei se tinham comprado uma herdade e fiquei a saber que era só virtual. Era o FarmVille, explicaram-me. Não percebi, nem perguntei mais nada. Fiquei a pensar no sentido que terá vivermos num mundo de faz de conta, de ficções e confusões. Fiquei a pensar que, se calhar, estamos a brincar com o fogo ao destruirmos a relação entre as pessoas, ao eliminarmos as trocas de olhares, o toque, o cheiro. Fiquei a pensar que eu não quero uma quinta a fingir, não quero dar milho  a galinhas que não cacarejam, não quero vender nem comprar feno para cavalos que não escoceiam, nem para vacas sem estrume. Fiquei com a certeza, certeza absoluta, que se esta realidade é o mundo de hoje, eu quero ser parte do mundo de ontem! Não quero pôr fotografias das minhas férias no Facebook, não quero likes de que não gosto nem dislikes que não entendo! Fiquei com a certeza que preciso de sentir que ainda é diferente falar do que teclar. Hoje, fiquei angustiada com a força das redes sociais!

4 comentários:

  1. Um mundo de faz de conta, de virtualidades, de colarinho branco...

    Um mundo feito de artificialidades, de ausências do real.

    Que bom que é cheirar, sentir, tocar, ouvir, saborear.

    Deixou de ser um mundo sem os cinco sentidos para se tornar num mundo sem sentidos.

    Cumprimentos

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  2. Já vendi gado, do verdadeiro, daquele que é ferrado, daquele que marra e cheira.

    Já tive que comprar feno, de o ir buscar longe de tractor e galera, já criei galinhas, perus e coelhos. Tratei dos galinheiros e das coelheiras... dava-lhes a ração... tudo!

    Agora, neste mundo do faz de conta, troca-se, faz-se, compra-se sem esforço, sem risco sem investimento.

    Por isso isto tudo anda mal, a viver uma realidade que não é.

    É de desejar boa sorte?

    Fernando

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  3. Mas as redes sociais não afastam as pessoas.
    Através delas reencontramos amigos, fazemos novas amizades e por vezes combinam-se jantares.
    É uma maneira de falarmos com familiares que estão longe, em tempo real como se estivessem ali ao lado.
    Beijo

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  4. Se calhar era de pôr estes senhores que brincam às quintas, num monte a sério...e também pô-los a cortar feno e a fazer os fardos nas enfardadeiras, e depois , a acartá-los para darem de comer ao gado.Vai ver, passava-lhes a fantasia, o seu lado criança...mesmo assim, o melhor, é também eu desejar boa sorte!
    O facebook para mim,é assim uma espécie de revista cor de rosa: as pessoas mostram-se em várias posições, mostram os passeios que fazem, mostram as zonas mais bonitas dos relvados das casas a fazer os churrascos com os amigos e etc..., só que nas revistas , ainda pagam p'ráquilo...
    É como eu vejo, mas eu sou um bocado montanheira, lá de trás do so posto.

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