segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O POEMA JÁ

Na noite escura, ouvindo o vento forte, sinto surgir um poema. Faz-se de palavras agudas, esdrúxulas, nunca graves. As rimas, brancas, surgem ocultas no ritmo das sílabas certas, ondulantes, movidas por memórias e saudades. O meu poema surge e segue, limitado pelas barreiras dos possíveis, trancado na garganta estreita e calada.
Os verbos, fortes, surgem todos no modo indicativo, apontam o céu, recusam conjuntivos, negam condicionais. A terminar, num verso mesmo solto e livre, vem o grito calado que me dilacera. Não é a hora, como para Pessoa, mas é o já! a rima certa, o passo seguro, os dísticos ordenados e a leitura com sentido. a certeza de que não sou poeta, ou poetisa, mas que gostaria, tanto muito, de ver surgir um poema assim, irregular e correcto, feito de verdade e agora.

3 comentários:

  1. Prof. Luísa, é tão bom lê-la!
    Aquece-me a alma.
    Beijinhos
    Natércia

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  2. Fantastico! Sempre fantastico qd nao te foge a caneta para a cgtp!
    Adoro-te
    Filipa

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  3. Uma docura de mulher!

    Mil beijos..

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