quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Doce de Abóbora

Comi uma manhã excessivamente azeda e, por isso, temperei o entardecer com doce de abóbora caseiro. Salpiquei-o com nozes da minha nogueira velha, saboreei-o com um dióspiro que o vento deitou ao chão. A tarde amoleceu no nevoeiro denso que envolve o meu quintal, a noite chegou sabendo a chocolate negro. A lareira iluminava a entrada no serão, os poetas saltaram da estante, as rimas desordenadas provocaram os meus sentires. No fundo da taça os pedaços de abóbora esperavam sem ansiedade a lavagem final.
A minha alma estava pegajosa, açúcar e abóbora nas bordas. Lambi com cuidado, ficou limpinha...

4 comentários:

  1. De vez em quando passo por aqui. Gosto muito do que escreve e... de como escreve. Muitos parabéns!

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  2. Adorei este texto! Sabe bem, com estas iguarias deliciosas,mais as rimas desordenadas...
    Mas, a Setôra não estará a ficar muito lamboninha...?

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  3. Depois polvilhei a boleima de açúcar e canela, aconcheguei-me na massa fofa e ainda quente e deixei-me levar nas nuvens brancas e doces num céu de farofas...

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