quinta-feira, 19 de junho de 2014

TORMENTAS

De repente, o vento soprou zangado, o céu escureceu e a dor agudizou-se. Era uma viagem curta, mas intensa, e ela fazia-a de coração aberto, confiante no dobrar de mais um Adamastor, lembrando Os Lusíadas, a necessidade de encarar o monstro e seguir em frente. Quando o vento começou a zurzir a vela solta, os sentires embrulharam-se. E se naufragasse? E se, de novo, o vento da vida afundasse o barco do sonho, aparelhado apenas de sentires? Tremeu, tentou trancar as emoções na casa das máquinas, recolheu rapidamente os cabos que permitiam a liberdade do sonho. Tarde demais. Há, na grande navegação que é a vida das gentes, tormentas insuperáveis!

1 comentário:

  1. É um texto absolutamente fantástico. Uma alegoria perfeita. Mas cruza uma tristeza que dói...

    Fernando

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