segunda-feira, 27 de maio de 2019

RESILIÊNCIA

Tudo começou em 2016. 
Foi publicado o Despacho 1-F, começava a preconizar-se uma avaliação efectivamente para as aprendizagens, dizia-se que as Escolas deviam elaborar os descritores de desempenho. O 1-F era apenas para seguir até ao 3º ciclo e, ou fosse porque era mesmo inovador, ou fosse porque começava a romper práticas habituais, foi posto de lado na maioria dos Agrupamentos. 
Na minha escola, a luta começou feia. Argumentei, insisti, lutei, briguei, fiz exposições ao Conselho Pedagógico, mas não consegui nada. De facto "se uma pulga não pára o combóio, faz pelo menos muita comichão ao maquinista" e eu só consegui mesmo fazer cócegas a alguns maquinistas que defendiam as máquinas a vapor...
Em 2017, veio o Perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória. Era já subdiretora, nesse ano, e pude tentar discutir o documento de forma alargada. A direção promoveu diversas sessões de esclarecimento. Era, para mim, uma porta escancarada para a Escola em que acredito: - Uma Escola centrada em cada aluno, a ajudar a formar cidadãos, real e efectivamente para todos, onde a avaliação visa a melhoria das aprendizagens e não a classificação e seriação, (e exclusão), dos alunos. 
Em julho de 2018, naquele dia 6 que não esquecerei, nasceram os gémeos, o 54 e o 55.
A meus olhos, tudo estava a acontecer na Educação e, pela primeira vez nos meus 34 de carreira, dizia-se - ESCREVIA-SE! - que cada Agrupamento/Escola tem identidade própria. Os professores, intelectuais e cosmopolitas, penso eu, podiam olhar a sua realidade e repensar metodologias. Podiamos até, e podemos!, mexer na matriz curricular. Podiamos criar novas disciplinas! E, se achassemos que 25% de autonomia era pouco, podiamos pedir mais. Houve quem pedisse, felizmente!
Agora está calor, estamos a terminar o ano lectivo de 2018/19 e eu ainda encontro muitos professores preocupados com os exames. (Como se os exames mostrassem fantásticos desempenhos de Agrupamentos...)
Eu acho que sou resiliente. Não desisto, continuo no meu combate por uma Educação mais equitativa, mais democrática, mais efectiva e real. Continuo a acreditar que se queremos um amanhã (daqui a bocadinho) melhor, e EU QUERO, temos de agir de outro modo. No entanto, às vezes sinto que já não tenho mais forças. Já não posso ouvir falar nos exames, nos dois ou três alunos de cada turma que entram na faculdade em cada Agrupamento!
Às vezes, já nem tenho paciência para esgrimir argumentos. 
Às vezes, como o Poeta, tudo o que tenho em mim é um
íssimo, íssimo, íssimo
Cansaço!

1 comentário:

  1. Luísa, é difícil para mt gente mudar as práticas e só se à frente das escolas estiver alguém de “coração” aberto à mudança (como o casa que foi apresentado no Seminário) é que pode haver esperança! Porém ainda há que contar com a resistência de alguns pais e é preciso não esquecer isso!

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