segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As Palavras

Há um poema, de Eugénio de Andrade??, onde se fala da força variada das palavras. Lembro-me, muitas vezes, deste poema, eu que tanto lido com as palavras, e sempre me surpreendo com a força e poder que elas têm. Como diz o poeta, há palavras doces, que chegam feitas beijos, ternuras, tecendo cumplicidades e abrindo janelas de possíveis; há palavras amargas, feitas de fel e ódio, que deixam um nó na alma, abrem porta à tristeza, anunciam sofrimento; há palavras mortais, intensas, certeiras, tão letais que delas não mais se recupera; há palavras inócuas e impossíveis, que de nada servem, que nada significam, que nada me/nos dão. As últimas são, cada vez mais, palavras de poder, de política e desgoverno. São as que me chegam pelas televisões, as que saem da boca do eng. Sócrates quando garante que estamos no bom caminho e eu vejo, diariamente, a vida a piorar...
Mas, no meu individualismo cada vez mais voluntário, são as palavras amargas que mais me angustiam. É que, sem matarem, corroem-me os sentires, fazem ninho na alma e, aos poucos, provocam úlceras emocionais resistentes a qualquer cirurgia.

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