domingo, 29 de setembro de 2013

ALDEIA DA LUZ


Saí de casa bem cedo, aqueci a manhã chuvosa e cinzenta com a bica no mercado de Portalegre e fiz-me ao caminho. Esperava-me mais um sábado de formação de professores, bem longe, na Aldeia da Luz, no lugar onde o Alentejo se faz líquido, Curvei pela Serra d'Ossa vazia, sorrindo com tristeza ao apela de um cartaz "Proteja a floresta", num lugar onde só há restolho, não entrei no Convento de São Paulo (mas hei-de voltar lá!), e, subitamente, a paisagem mudou. Agora, pouco depois do Redondo, a água abundava dos dois lados da estrada. Abrandei  e fui-me enchendo de imagens fantásticas. Água, e terra amarela - Alentejo mesmo - numa harmonia que me pareceu perfeita. Num instante, porque as duas horas de viagem passaram num instante, entrei na Aldeia da Luz. 
O vazio impressiona, o silêncio ensurdece. Portas fechadas, janelas cerradas, ruas sem vida. Valeu-me o GPS, certeiro, que, sem que eu precisasse acordar ninguém, me levou direitinha até ao Museu da Luz. 
Encontrei um espaço carregado de sentido. De sentidos. No largo, uma série de cruzes, a igreja branca, os muros de xisto. Dentro do museu, transbordando paz, a história da outra Aldeia da Luz, agora afogada
O dia voou, conduzido por duas fantásticas formadoras vindas da Gulbenkian, descobrindo livros, construindo espaços de textos e sonhos. Talvez lugares onde cabem sonhos...
Cheguei cansada, debaixo de trovoada intensa, mas sentindo que há momentos que fazem sentido na vida de professora. Sacrifiquei um sábado, mas valeu a pena. Quando a formação é a sério, todos os quilómetros se justificam!!
(Daqui a pouco vou votar, mas nem quero pensar nessa tristeza....)

1 comentário:

  1. A tristeza do abandono... do isolamento... e a de ter que ir votar... p'ra quê tudo isto?
    ...

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