quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CUMPLICIDADE

Ele trouxera a guitarra, ela o vestido longo. Sentaram-se no velho muro, aquele mesmo onde, em crianças, procuravam musgo, e ficaram olhando o campo. Ela lembrou Cesário, o leite baptizado antes de vendido; ele dedilhou Graça Moura. As cigarras, sempre seguras da sua musicalidade, responderam em coro e, sem que Deus desse por isso, as lágrimas aqueceram o rosto dela. 
Ele, então, fez soar Pessoa, e ela sorriu.

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