terça-feira, 8 de setembro de 2015

ESQUECER

Um dia, tudo passa, tudo se esquece. Mas ela não queria esquecer. Não queria que se esfumasse o rosto amado, que arrefecesse a memória do calor com que a abraçava quando, todas as noites, adormeciam num novelo de pernas e braços. Tudo passa, garantiam. E ela não queria que passasse! Sim, ele partira. Sim, ele não voltaria mais. Mas ela tinha com ela as memórias que não queria perder. Ouvia, no silêncio,  a voz risonha ensinando-lhe Florença, o mão firme apoiando a caminhada em Siena, o sorriso provocador tentando-a para as trufas de chocolate. Sim, tudo passa... E juntos descobriam Viena, passeavam em Bruges, exploravam Bratislava. E ele tinha partido. Ela ficara e não queria esquecer. Queria segurar a presença que tanta falta lhe fazia. E garantiam-lhe que ia esquecer. E ela não queria esquecer...

1 comentário:

  1. Esquecer ou não esquecer não é grave? O problema é não esquecermos de que já nos esquecemos! (não é minha a frase...) Beijinhos

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