sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O TEMPO

Eu ando de mau humor. Reconheço que ando com pouca paciência, que as coisas insignificantes (como a cobardia e estupidez ) me irritam muito mais do que deviam. Ando triste, desiludida, sofrendo intensas e escandalosas saudades. Ando com pouca, ou nenhuma, paciência para o culto das aparências, para o silêncio socialmente correcto face à maldade vigente. 
Não sei porque ando assim. Não sei se a culpa é de estar a envelhecer (afinal, já estou a envelhecer há 55 anos, devia estar habituada), se é porque está calor e eu detesto calor, se é porque a campanha eleitoral causa excessivo e incomodativo ruído, se é porque o meu Benfica não vence sempre. Não sei. O que sei é que ando neura e com uma enorme vontade de não existir. 
No entanto, a existência impõe-se e eu vou vivendo. Vivendo, agora. Neste tempo de nihilismo, nesta era de novo Homem eternamente adiado. Este é o tempo do ruído, da internet, dos telemóveis inteligentes, do MEO 4 cheia de humor, dos políticos em quem ninguém acredita, dos jovens com os boxeres à mostra e cristas no alto na cabeça. Mas este é, também, o meu tempo! Por isso, não percebo porque me perguntam se isto, ou aquilo, era "do meu tempo"! O meu tempo é este. É este presente futuro do passado, é este passado de um futuro a haver!

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