domingo, 10 de setembro de 2017

Toda a Carta tem Resposta?

Conto ou não conto? Digo ou não digo? Racionalmente, devia calar-me. Emocional e socialmente apetece-me contar. E o que interessa a partilha, de que serve que os outros, muitos desconhecidos até, saibam o que vivi? Normalmente, não serve de nada. Mas, desta vez, pode servir de exemplo a algumas pessoas.
E pronto, agora acho que já criei apetite para a leitura do que vou contar...
Pois eu, que já fiz mais de meio século nesta coisa redonda e amolgada a que chamam mundo, tenho vivido algumas experiências insólitas. Algumas, de carácter mais íntimas, guardo para mim. Mas, no ano passado, vivi cerca de oito meses de um processo deveras curioso. Como detesto que me digam "não podes!, e foi o que ouvi quando coloquei a hipótese de me candidatar à direcção de uma Escola, resolvi ir fazer a pós-graduação necessária para a coisa, em administração e gestão escolar. 
Não existindo a mesma em Portalegre, poderia ter ido para Castelo Branco. Mas não. Sou mulher de mar e, por isso resolvi escolher Setúbal. Ainda por cima, estava (e está) lá um Professor que eu muito prezo, o Prof. Jorge Pinto. Contra tudo o que seria razoável, esqueci Castelo Branco e lá fui dar dinheiro (muito) a ganhar ao IP de Setúbal.
Depressa percebi o logro... De repente, euzinha, no meu mais de meio século de angústias, era tratada como adolescente ... Tive vontade de desistir mas, entretanto, já tinha criado laços com o grupo de colegas e, por isso, aguentei-me. 
Durante um ano, nos fins de semana, lá acelerava eu para Setúbal para, muitas vezes, oito horas de vazio. Enfim... entre uma brincadeira, uma ou outra leitura, a coisa foi-se fazendo. Só que, num desses fins-de-semana esbarrei com a disciplina, pomposamente designada Unidade Curricular, de Contabilidade. Bem... depois de quatro horas a ser baralhada sobre o que é o débito e o crédito (juro que é verdade), veio a avaliação. A contabilista de serviço, orgulhosamente anunciando nunca ter aprendido a dar aulas (informação desnecessária porque óbvia), mandou-nos fazer um trabalho. O grupo juntou-se e os trabalhos, feitos com a ajuda de especialista externo, foram entregues. Todos tiveram notas razoáveis menos eu... Porquê? Porque refilei, porque disse o que pensava (e penso). Conhecem a máxima dos velhos professores "no fim vais ver, eu lixo-te!"? Pois foi o que me aconteceu...
Revoltada, pedi para falar com os coordenadores do curso, com o Presidente do IP de Setúbal. Por resposta, só o silêncio.
Agora, quando vejo os meus alunos a serem colocados no Ensino Superior, é com grande alegria e alívio que verifico que nenhum escolheu o Instituto Politécnico de Setúbal!!
Para além de tudo, toda a carta tem resposta, ou não? No IP de Setúbal, não...

1 comentário:

  1. Luisa, realmente com o tal "meio século" que já tem, já devia saber que no caminho sempre nos podemos deparar com gente dessa. Eu tinha só então três décadas e aconteceu-me coisa mt semelhante qd fiz o Estágio no Pedro Nunes, com uma "barbie" incompetente!!

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