sexta-feira, 24 de agosto de 2018

36 ANOS

Faz hoje 36 anos que a minha vida mudou para sempre. De um dia para o outro, deixei de ser só eu e surgiu-me uma vida, minúscula, nos braços. A minha primeira filha, com o seu quilo e cem gramas, veio ensinar-me o sentido da minha existência. Olhava-a entre extasiada e apavorada: - seria eu capaz de tomar conta dela? Mamando, bem segura a mim, ela parecia dizer-me que confiava que eu haveria de dar conta do recado... 
Acho que ainda não tinha chegado o tempo dos traumas de infância e, por isso, a minha filha sobreviveu, com umas quedas aparatosas de bicicleta e um falso crupe assustador, à minha inexperiência.
Já jovem, foi sempre a minha primeira confidente. Conversávamos, ouviamos as nossas vidas ditas - e como as vidas ditas ganham diferentes sentidos -, e o tempo passava.
Hoje, a minha filha está longe. Faz-me falta dolorosa. 
Faltam-me as palavras amigas, o pragmatismo dela, a ternura às vezes rabugenta desta mulher que é a minha filha. Hoje, ela já tem os filhos dela e está lá,  num país diferente, assinalando o aniversário. Sei que os filhos não nos pertencem, mas fazem parte de nós! 
Eu choro sem razão. Choro porque ela me faz falta; choro de alegria por a saber feliz, choro, também, pela mulher que já fui e que queria muito voltar a ser.
Tenho IMENSAS saudades da minha filha maior!

1 comentário:

  1. Luísa, compreendo essas saudades, pois até estando bem mais perto sentimos saudades, saudades de quando eram só nossas, sem termos que as partilhar com alguém...

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