sábado, 7 de setembro de 2019

PRECISO DIZER


Talvez a escrita seja o respirar da alma, o travar do sangue que corre desvairado, freio nos dentes, impossível de controlar. É preciso dizer, falar ou escrever, o que nos sufoca, ou morreremos de angústia e excesso de silêncio. Sim, o silêncio é importante, sim, ele fala também. Mas há palavras que precisam ser ditas, mastigadas, às vezes até cuspidas com violência. Sento-me em frente da enorme janela, vejo a figueira que se agita, os cedros imponentes que me isolam e preciso dizer. Dizer da minha alegria por acordar num sábado, dizer do meu entusiasmo por ter para mim 48 horas quase inteirinhas. Preciso dizer que tenho saudades intensas, que carrego desilusões profundas, que experimento a mágoa do não acreditar, que queria a ternura que está excessivamente ausente. Preciso dizer. 
Preciso escrever os pensamentos que suportam a minha vontade de fazer uma Escola diferente. 
Preciso dizer.
Preciso de cortar com a lâmina da palavra a solidão que, daqui a pouquinho, vou tentar afogar na piscina azul.
Preciso dizer. 
Ainda que ninguém oiça, que ninguém leia, que ninguém responda. Porque a palavra é mais de quem a usa, do que de quem a recebe.
Preciso dizer.

3 comentários:

  1. Eu leio-a e com certeza muitos/as mais mesmo que não se manifestem...
    Como não gostar da forma, mesmo que alguém não esteja de acordo como conteúdo?
    D.

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  2. A Luísa também não costuma responder a ninguém...pelo menos aqui no seu blogue.
    Em tempos deixei aqui muitos comentários e nunca se deu ao trabalho de responder. Por isso deixei de comentar.

    Ler...vou lendo, porque ainda sou seguidora.

    Bom fim-de-semana:))

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    Respostas
    1. Isabel, desculpe mas eu costumo responder, sim! Só não respondo quando penso que não se pede resposta. Desculpe se falhei alguma resposta. Bom domingo

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