sexta-feira, 4 de outubro de 2019

POLÍTICA

Tenho muito respeito pela Política. De verdade, e convictamente, considero que a política é a sustentação da vida em sociedade e que, por isso, não devia ser confundida com partidos, reduzida a conflitos politico-partidários. Muito jovem iniciei actividade política. 
Quis, e quero ainda, um mundo melhor, um país mais justo, mais sério e mais digno. Ao longo dos tempos participei activamente na vida política. Integrei a Assembleia Municipal, fui candidata à CMP, à Assembleia da República, participei em Comícios e diferentes Fóruns. Tenho militância partidária. Consciente e consistente. 
Ao longo do tempo, também, fui sofrendo desilusões. Perseguições individuais, má-língua, afastamento. E fui ficando cada vez mais calada, atenta sempre, escrevendo e dizendo o que penso de forma (relativamente) livre.
Nesta Campanha Eleitoral fiquei à margem. Fiquei olhando, observando. E não gostei NADA do que observei.
Não concordo com o ruído que fez Campanha, com os ataques pessoais, com o vazio de ideologia. A dada altura, a meio da Campanha, já ouvia distribuir cargos, pastas, tachos. Foi para isto que se fez a Revolução de Abril? Para abrir espaço a umbigos e vaidades? Não me parece...
Ontem, morreu o Prof Freitas do Amaral. Desapareceram já os principais construtores da Democracia em Portugal (Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa, Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Álvaro Cunhal), e eu temo que, com eles, tenha morrido a essência da Democracia. No domingo irei votar. Como sempre fiz, na ideologia que defendo, sem voto útil, consciente de que, por enquanto, o voto é a única forma de podermos manifestar uma opinião. Uma desilusão também.

2 comentários:

  1. Sem qualquer intuito de provocação, professora, devo dizer que, nos últimos tempos, tenho assistido (creio) a uma pequena transição/evolução no seu pensamento político. Por exemplo: em 2016 nunca esperaria que a professora incluísse Cunhal entre os construtores da democracia portuguesa ou que revelasse apreço por Freitas do Amaral (ainda que o sr. professor tenha falecido).

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    1. Xavier, julgava que tinhas maior apreço por mim. Nunca me viste branquear a História, creio. Cunhal é uma figura da História, foi importante durante a Ditadura (embora eu pense que se tivesse podido, se o tivessem deixado, teria implementado outro tipo de Ditadura). Como Salazar, ou D. João III, ou D. João V, por exemplo, marcou o Tempo. Porque o Tempo se constrói com os fazem obra. Boa, e má...

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