domingo, 10 de janeiro de 2021

HIGIENE DA ALMA?

Aproveitando o domingo, com tempo para mim, vesti um casaco forte e fui caminhar. O telemóvel avisou que estariam entre zero e cinco graus, mas eu, que gosto de frio, não liguei nenhuma. De luvas e cachecol, botas e casaco, fiz-me ao caminho. São passos que dou com gosto, no chão a que chamo meu, olhando, e surpreendendo-me sempre, com a beleza do espaço, a curiosidade dos cães, a agilidade dos rebanhos de cabras com que me cruzo. 
Caminho pensando. Em quê? Em tudo, e em nada. Embaraço o pensar no sentir, e deixo-me levar por aí.
Quando regressei, quinze mil passos e quase duas horas depois, acendi a lareira e, sem porquê, chorei.

Dizem que chorar faz bem, que lava a alma. Mas, talvez porque a minha alma não esteja suja, hoje não me fez bem e vestiu-me de funda tristeza. 
Eu, que sempre disse que não quero ser animal de companhia, às vezes sinto que me sobra solidão.



 

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