quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

INCOERÊNCIA

 Trago os ouvidos cheios de morte, de sofrimento e dor. Trago a alma encolhida, de medo, desconfiança e tristeza. 

Os números de infectados e mortes não páram de crescer, e as medidas anunciadas parecem-me claramente deficientes e desajustadas. 

É no salão de cabeleireiro, que funciona por marcação, uma ou duas pessoas em simultâneo, máscaras e higienização, que os contágios acontecem? É no comércio local, com porta para a rua, onde entra um cliente de cada vez, com máscara e higienização, que nos contaminamos? É nos restaurantes, onde a higiene é rigorosa e o distanciamento praticado, que tudo se complica? 

E não há risco nas escolas, onde trinta a trinta e duas pessoas convivem sem distanciamento? Não são um perigo os transportes públicos, onde partilham espaço cem pessoas ou mais? E não há contágio à porta das escolas, onde se aglomeram dezenas de pais que vão levar e buscar as crianças?

Claro que não sou especialista, mas penso, e basta pensar para compreender as incoerências deste confinamento assim-assim. Dizem que noutros países também há confinamento, e é verdade. Mas confinamento: - Escolas a funcionar à distância, TODA a gente em casa. Aqui, no meu país que adoro, é sempre um remendo, uma coisa assim-assim, mais ou menos, que não prejudique os maiores, mas sufoque os mais pequenos. Quanta injustiça!

Sou professora e prefiro as aulas presenciais. Gosto de olhar os meus alunos ao vivo, gosto de poder estar junto deles. Mas, neste momento, e com tantas ferramentas para apoiar o trabalho à distância, não compreendo porque não se fecham as escolas.

Enfim, resta-me fazer a minha parte, cumprir o que posso e como posso, e rezar. Rezar muito!

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