quinta-feira, 29 de setembro de 2011

RENDIDA

Muitas vezes fiz troça do GPS. Achava ridícula a voz da senhora, carregando nos érres, a mandar-nos sair na segunda saída da rotunda, ou a exigir que invertessemos o sentido de marcha logo que possível, quando tinhamos a certeza de estar no caminho certo. Dizia eu que, se tivesse um carro com GPS, havia de o desligar sempre. Pois retiro o que disse! Rendo-me. Tenho um GPS, que se chama Tomtom, e que me ajuda a encontrar a bomba de gasolina mais próxima, auxilia-me na escolha do caminho mais rápido para o meu destino, ensina-me a evitar portagens e ainda me avisa quando, (o que acontece com alguma frequência), conduzo em excesso de velocidade. Rendi-me à tecnologia e gosto da minha companheira de viagem, sempre atenta, a arrancar-me às autoestradas da distracção onde tantas vezes me perco. O meu Tomtom mostra-me a estrada, os campos circundantes e apresenta-me a barragem de Montargil como se fosse o mar.
A única coisa que o GPS não faz é indicar-me o caminho para a felicidade, apontar-me as saídas certas para a tranquilidade, avisar-me do excesso de emoções que impedem a minha paz. O meu GPS, que até escurece sozinho quando a noite cai, ainda não descobriu o satélite das minhas emoções mas, sinceramente, começo a acreditar que, um dia, isso acontecerá. Então, eu não serei mais Mulher, não serei mais humana,  mas serei, com certeza, mais tranquila e bem situada na vida...

2 comentários:

  1. Parece que só tem vantagens!

    É pena a idade do meu "calhambeque" não permitir a loucura dos excessos de velocidade, para sentir a emoção da voz da menina a pedir para andar mais devagar.

    Mas, o do meu filho, que também é um Tom Tom, indica onde estão os radares da polícia, o que é ouro sobre azul para quem, como ele, gosta de andar depressa. A verdade é que nunca mais foi multado por excesso de velocidade.

    Também seria bom ter um GPS que indicasse os potes de ouro no fim dos arco-íris, ou a chave do euromilhões... e ouvir a menina, com a voz carregada de erres, dizer: trrrês, quatrrro, trrreze, trrrinta e trrrês...

    Cumprrrimentos, opps, desculpe, cumprimentos.

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  2. Chega-se aqui, ficamos rendidos aos textos, mas, e também, a este comentário gracioso e cheio de espírito.
    Vivam os Tom Tons!

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