Na ponta da escarpa, com vista privilegiada sobre o mar, num lugar dificilmente acessível aos homens, as gaivotas construíram
o ninho.
Foi uma tarefa árdua, trabalharam em conjunto, gritando ordens uma à outra, carregando pedaços de terra, limos, palhas, e até alguns pedaços de rede que os pescadores abandonaram. Agora, com a casa pronta, aninham-se ternas e tranquilos. Têm a sorte de não poderem saber que existe amanhã, que uma tempestade pode destruir-lhes o aconchego, que o vento forte de inferno pode levar pelo ar o seu abrigo. São felizes porque, simplesmente, não sabem que o são. Não ambicionam nada, não sofrem decepções e os voos picados enchem-lhes os estômagos sempre que necessário.
Lembro Pessoa :
"Gato que brincas na rua// como se fosse na cama// invejo a sorte que é tua// porque nem sorte se chama".
Eu também invejo a paz segura das gaivotas que vivem na ponta da escarpa!
A inacessibilidade dá segurança, mas dá isolamento...
ResponderEliminarÓ Setôra, como é que sabe se as gaivotas têm decepções ou não?!
ResponderEliminarEspero que nunca se lembre de ir para cima de uma escarpa daquelas,só para ser feliz...credo!