domingo, 22 de dezembro de 2013

O DESENHO

O Casper terminou na televisão e, num instante, ganha espaço a fantasia que o frio tranca dentro de casa. Acendi a lareira bem cedo, o fogo faz fantasminhas nas paredes da velha Casa, e o pedido surge natural: - Desenha uma bruxa, avó. Esforço-me. Recupero a minha total inabilidade manual, oiço o meu Pai a consolar-me "deixa lá filha, Deus compensa a falta de destreza manual com a inteligência, e vice-versa..." Rio-me de novo, e o Manel indigna-se: "Oh avó não acho graça nenhuma, isso não é uma bruxa, parece é uma vassoura velha!": Com atenção, aprendo então o que me ensina, sigo o traço infantil que faz, agora sim, surgir uma bruxa com cabelos e um brinco grande, com uma aranha - vês? -. Vejo e rezo baixinho para que o meu neto, os meus netos, todas as crianças, sejam capazes de traçar um mundo novo, com riscos ousados, ao sabor da imaginação e da infantil ternura, pintando-o, depois, com cores de possíveis.

2 comentários:

  1. Luísa, leio-te e fico com os olhos húmidos. Tem um excelente Natal e que Deus permita que sejas mesmo feliz. Mereces!
    Lena

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  2. Acho incrível como faz um texto profundo a partir de uma banalidade!
    Sorte tem o seu neto!
    Fernando

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