quarta-feira, 24 de março de 2010

Navegações e Leituras


Carregada de livros, a biblioteca, moderna e a enquadrar-se no cenário antigo, entra no rio Cam como a proa de um navio. Alta, elegante, corajosa, deixa-se afagar pelas águas calmas, contemplar pelos olhares turísticos, com indiferença e segurança. Feita turista também, desfrutando do puntting balanceado e carregado de histórias ditas pelo Martin, ela olha o edifício que a fascina. São os livros, claro!, mas são, também, as recordações das suas próprias leituras, tantas, as memórias tecidas por muitas páginas de diferentes sentidos, sempre, ou quase, carregados de sentires. Fecha os olhos aproveitando o balancear suave e desfia saudades.
Chega, então, a sua rotina, agora interrompida, o desgostar da leitura de muitos alunos e a mágoa, modernamente apelidada de frustração, de nem sempre ser capaz de os cativar para o ler. No seu país, em eterna crise, fala-se da violência nas escolas, anunciam-se agressões, ódios, desinteresses, apontam-se culpas. E ela, ali, sentindo os olhos a estupidamente inundarem-se, pensa como poderia ser diferente se, nas mesmas escolas, se falasse de alegria, de livros e leituras, de Pessoas e cresceres. Sim, acredita que poderia ser diferente SE. Um SE enorme, prenhe de possibilidades mas exigindo mudança...

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