segunda-feira, 15 de março de 2010

Os Maias

Há mais de 30 anos que, nas escolas portuguesas, se lêem (ou fingem ler) Os Maias. O programa de português, felizmente! , não o impõe, sequer o sugere. Refere, apenas
"um romance de Eça de Queirós" como leitura para o 11º ano. Mas, seja porque Os Maias já estão preparados por todos os professores, seja porque existem milhentos resumos e sebentas sobre a obra, seja porque os livros dos professores já estão bem assinalados, ou seja, apenas, por uma questão de hábito, Os Maias, nas escolas, parecem ser o único romance de Eça de Queirós...
Eu, que por acaso até prefiro a Cidade e as Serras, ou o Crime do Padre Amaro, todos os anos tento ensinar Os Maias sem deixar transparecer o meu enfado. É que estou farta da idiotice do Dâmaso, do gato Bonifácio feito Reverendo pançudo, do Carlos cheio de charme, do Ega refilão, da careca luzidia do velho Afonso, dos bigodes lânguidos do Alencar, dos cabelos negros da Cohen, dos serões da Monforte, das denguices da condessa de Gouvarinho e até da beleza da Maria Eduarda!! Hoje, no entanto, soube-me bem trabalhar Os Maias porque assisti, com os meus alunos, a uma representação da obra, centrada na caricatura das personagens, que me encheu de entusiasmo. No final, os actores contaram que, há DEZ ANOS!!!, aguardam pelo apoio prometido pelo Ministério da Cultura... e eu, por acaso???, dei comigo a, uma vez mais, me surpreender com a actualidade das críticas queirosianas, feitas a um Portugal onde os políticos são, na sua maioria, uns verdadeiros asnos!!

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