quarta-feira, 3 de março de 2010

Museus e Educação

Seja porque a cada dia mais desacredito no Ministério da Educação, seja porque diariamente me confronto com o vazio pesado que enche as nossas Escolas, seja, apenas, porque acredito que educar é amar, despertar, ousar e provocar, não desisto de dinamizar actividades diferentes para os meus alunos. Desta vez, com o décimo ano que tão mal se porta (às vezes...) e tão pouco trabalha (quase sempre), o destino escolhido foram os Museus da Poesia e o Berardo.
Saímos cedo, ensonados, com frio e olhares ansiosos e curiosos. Afinal, corresse mal, ou corresse bem, seria, com certeza, um dia diferente!
A manhã esgotou-se em Poesia. FANTÁSTICO diseur, o actor Nuno Henriques, a variar de Augusto Gil a Gedeão, de Aleixo a Torga, de Sophia a Florbela, numa relação lógica, intensa, capaz de fazer os meus miúdos sentirem que, de facto, "Nas mais pequenas coisas, a Poesia acontece"! De tarde, o CCB, a modernidade, a Arte Contemporânea que, a meus olhos leigos, tem, frequentemente, mais de contemporânea do que de Arte... Mas a guia, a jovem Teresa, vestiu de sentido o nonsense aparente, desmontou obras, explicou olhares, ousou interpretações. Sim, aquilo era um abrigo para prostitutas. Sim, aquilo era um alerta para a posição da Mulher na sociedade! E os miúdos a crescerem, a aprenderem a ser Pessoas sendo, ontem, gente com essência.
A terminar, afinal a vida faz-se de tudo..., a paragem obrigatória no Fórum Almada e o regresso a casa.
Hoje, estou cansada. Mas, estranhamente??, estou feliz porque a minha actividade fez sentido. Ganhou validade.
Ah!Como eu queria uma Escola assim, com possíveis, com aprendizagens activas e dinâmicas, com partilhas e cumplicidades...

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