São bancos de madeira, resistentes e perfumados, os que polvinham os jardins ingleses. Sempre me faz confusão como resistem à chuva, à humidade, porque nunca os vi cheios de fungos ou quebrados. São bancos de sentar mesmo, não de pedra e modernamente desconfortáveis como os que, na era post Poólis, invadiram as cidades portuguesas. São bancos de pensar, de afectos, de memórias e de histórias. Alguns destes bancos ostentam uma placa com um nome, ou dois, com datas também. Gozando do privilégio de não conhecer os nomes, e por isso não ser atacada por saudades, gosto de imaginar os rostos, e as vidas, que dão sentido áquelas inscrições. Imagino sempre casais com tempo, ou velhas senhoras sem idade, olhando as flores, envolvidas nos casaquinhos escoceses, comentando as mudanças do mundo e a beleza das flores com a mesma ternura na voz. Gosto, também, de me sentar, rodeada de verde e acariciada pelo vento fresco dos ingleses, de fechar os olhos e de deixar sentarem-se a meu lado as ausências sempre presentes. Converso, então. E falo de sentires, até dos proibidos, de sonhos, de desilusões, de afectos, de quotidianos, de indignações. Converso tanto que, quando dou por mim, os melros, os melritos que o meu neto adora, fazem companhia aos esquilos ouvindo o meu falar. Felizmente, só os bichos escutam os meus monólogos nos bancos dos jardins ingleses...quinta-feira, 28 de julho de 2011
Conversas e bancos de jardim
São bancos de madeira, resistentes e perfumados, os que polvinham os jardins ingleses. Sempre me faz confusão como resistem à chuva, à humidade, porque nunca os vi cheios de fungos ou quebrados. São bancos de sentar mesmo, não de pedra e modernamente desconfortáveis como os que, na era post Poólis, invadiram as cidades portuguesas. São bancos de pensar, de afectos, de memórias e de histórias. Alguns destes bancos ostentam uma placa com um nome, ou dois, com datas também. Gozando do privilégio de não conhecer os nomes, e por isso não ser atacada por saudades, gosto de imaginar os rostos, e as vidas, que dão sentido áquelas inscrições. Imagino sempre casais com tempo, ou velhas senhoras sem idade, olhando as flores, envolvidas nos casaquinhos escoceses, comentando as mudanças do mundo e a beleza das flores com a mesma ternura na voz. Gosto, também, de me sentar, rodeada de verde e acariciada pelo vento fresco dos ingleses, de fechar os olhos e de deixar sentarem-se a meu lado as ausências sempre presentes. Converso, então. E falo de sentires, até dos proibidos, de sonhos, de desilusões, de afectos, de quotidianos, de indignações. Converso tanto que, quando dou por mim, os melros, os melritos que o meu neto adora, fazem companhia aos esquilos ouvindo o meu falar. Felizmente, só os bichos escutam os meus monólogos nos bancos dos jardins ingleses...
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Na minha rua também tenho bancos parecidos, desses de sentar, de conversar, de descansar, de olhar os outros a passar na rua, de sentir a vida da minha rua pelo movimento que se atravessa diante de mim, quando ali estou sentado.
ResponderEliminarEstes bancos fazem bem à alma, ao existir de cada um de nós, transmitem vivências...
Só que os bancos da minha rua são mais prosaicos que esses ingleses, só têm uma placa com o nome do fabricante, nada que faça lembrar alguém. São bancos sem história mas, certamente, já têm muitas histórias de vidas para contar.
Cumprimentos.