domingo, 4 de setembro de 2011

Azedo

Eu tenho uma relação complicada com os cheiros. O meu neto segue-me e, antes de provar seja o que for, cheira primeiro, o que daqui a uns anos lhe vai custar alguns raspanetes, mas, agora, tem graça. Gosto de entrar em casa e sentir o cheiro familiar, de distinguir o perfume masculino, de identificar aquele after-shave, do perfume da terra molhada, da brisa do Tejo, do odor forte do mar, do cheiro quente a Mustela de bebé, de orégãos verdadeiros, entre outros. E detesto muitos cheiros, também, claro.
O cheiro a azedo, por exemplo, é terrível. Entranha-se no frigorífico, faz enrugar o nariz, amarga na garganta, resiste aos melhores detergentes quando em caixas plásticas, lembra sempre o estrago do tempo. O pior é que também as palavras, e factos da vida, podem cheirar a azedo e, nesse caso, sinto-me transformada em caixa plástica, o cheiro entranha-se no meu pensar, no meu sentir, na minha memória e chateia que se farta. Dizem que o cheiro a azedo se elimina com vinagre mas, aprendi com a experiência, a eficácia desta mezinha é reduzida. Haverá uma mezinha, de preferência mais eficaz, para eliminar os azedos do quotidiano? Gostava de saber! Gostava mesmo.

2 comentários:

  1. Há sim!
    Ler um bom livro, ver um filme divertido, ouvir uma música alegre e dançar, falar com os amigos(incluindo os dos blogues), sair e apanhar sol (ou mesmo chuva, se o tempo estiver para aí virado. É bom andar à chuva sem nada nas mãos e sem horários, só a "curtir"...)
    Enfim, temos que ser nós a espantar esses azedos.
    Um abraço

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  2. Ser alegre! Feliz! Erguer a cabeça e pensar no que de bom a vida nos dá!
    beijos

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