segunda-feira, 10 de outubro de 2011

E as pessoas?

Quase todos os portugueses acima dos 40 anos sabem de cor alguns versos da velhinha Balada de Neve, de Augusto Gil. Não sei se este poeta terá escrito muito mais, nada conheço dele, mas da Balada da Neve, a cheirar a caridadezinha e a torradas, lembro-me muitas vezes. Hoje, tenho andado a ouvir dentro de mim, numa repetição que cansa porque não é desejada, o verso "(...) mas  as crianças Senhor, porque lhes dais tanta dor? porque padecem assim?". Na minha cabeça, o verso sofre adaptação e soa "Mas as Pessoas, senhores, porque lhes dais tanta dor, porque as maltratais assim?!".  Porque eu sinto que este momento político está a matar as pessoas, está a ignorar o facto de uma sociedade só fazer sentido se houver pessoas, e existe (deve existir) por causa das pessoas! O mundo actual, o mundo europeu, Portugal na linha da frente, está a impor às pessoas realidades  sem  justificação. Sinto na pele, na alma, na carteira, nas emoções, nos afectos, nas relações com os outros, a violência destas medidas absurdas que querem que aceite como justificadas e necessárias.
Talvez sejam necessárias. Mas, de certeza, não são justificadas. Nada pode justificar a destruição da humanidade, o ataque ao essencial de cada um de nós, a desvalorização do sentido real da organização social. Até quando seremos nós confrontados com mais cortes, mais impostos, mais aumentos, mais dor? Um dia, tudo vai estoirar...

4 comentários:

  1. Vai ser complicado, vai ser doloroso, vai custar mesmo...
    Se fosse um sacrifício de curta duração, tipo em 2012 vamos andar todos de cinto apertado para em 2013 já se poder aliviar um ou dois buracos no aperto, ainda se poderá aceitar.
    O pior é se vão descobrindo mais buracos..."cada cavadela, minhoca" e não sei como as pessoas irão aguentar.
    Esperemos que o bom senso prevaleça.
    Cumprimentos.

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  2. Era óptimo, realmente, chegarmos a porto seguro no mais breve espaço de tempo e sem haver muito desespero.Infelizmente vamos ter que gramar esta pastilha.Não há outra maneira.E ainda teremos que doar algo a quem não tem mesmo nada...

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  3. Explica-me:
    Não fomos nós, Homens, a criar tudo isto? Então não parece óbvio o que fazer?
    Nós criámos o dinheiro. Não há dinheiro, faz-se mais!
    Parece que gostam de complicar!

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  4. Não são estas medidas de hoje que estão mal,o esbanjamento anterior é que foi muito.
    Vai custar, vai doer muito, vai muita gente passar mal, passar fome (como já está a acontecer e bem perto de nós), mas o balão não vai estoirar.

    Abraço!

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