terça-feira, 2 de abril de 2019

A Bicicleta e a Escola

Sinto necessidade de explicar. Não que alguém mo tenha exigido, não que tenha medo de represálias, mas sinto que devo explicar.
A semana passada, já nem sei quando, surgiu a notícia de que as escolas irão passar a ensinar as crianças a andar de bicicleta. 
Logo, com a rapidez que a internet permite, se manifestaram as vozes contra: - Que essa é tarefa dos pais, que a escola deve é ensinar conhecimento, que agora é tudo para cima da escola, que há professores que não sabem andar de bicicleta porque não foram ensinados, que nem todos os miúdos têm bicicleta, que é preciso equipar as escolas com bicicletas para todos, que há professores que nunca tiveram bicicleta por serem oriundos de famílias desfavorecidas, etc.
Obviamente (para mim), eu discordei. E discordei, eu que não sou do PS e menos ainda apoiante da geringonça, porque penso o seguinte:
. A Escola, para ser de facto transformadora da sociedade, tem de desenvolver nos alunos competências - Todas as enunciadas no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória (set. 2017);
. Se queremos um mundo diferente, e eu quero, os alunos devem, na escola,  adquirir e desenvolver competências que permitam fazer a diferença: - Nadar, andar de bicicleta, reciclar, respeitar o ambiente, são algumas delas;
. Obviamente, não serão os professores de inglês, ou de matemática, ou de português, a ensinar os meninos a pedalar. A escola faz parte de um território e há que organizar, nesse território, a forma de ter nas escolas, algumas horas, quem sabe como desenvolver o equilíbrio e o pedalar;
. Não é preciso haver uma bicicleta para cada criança, ou uma piscina em cada escola. Devemos, e podemos fazê-lo, rentabilizar os recursos existentes no território. Não há vila, ou quase aldeia, que não tenha uma piscina. Há muitos miúdos que têm bicicleta, podem partilhar, aprender a fazê-lo é muito importante;
. Para um hoje diferente, porque amanhã não sei se estarei viva, temos de conseguir que a escola faça muito do que muitas famílias não podem, não querem, ou não sabem fazer. Uma sociedade mais inclusiva e livre só acontecerá quando a nova geração aprender a respeitar o próximo, a partilhar e a ter sentido crítico;
. Não compreendo por que razão a Escola, e muito a Escola portuguesa, parece considerar que apenas a cabeça é educável se, de facto, o corpo é essencial… Defendo, muito a sério, que a escola ensine dança, música, natação, cozinha, organização familiar e todas as competências que fazem TANTA falta no mundo de hoje. E acredito, porque sei como fazer, que todas estas aprendizagens podem acontecer em relação, de forma articulada, com o inglês, a matemática, o português e todas as áreas curriculares.
Não gosto de falar de cor e, por isso, estou disponível para conversar com quem quiser sobre a efectiva possibilidade de concretização desta Escola diferente. 

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