sexta-feira, 30 de outubro de 2009

KIZOMBA DESCALÇOS

Corro, corro, iludo-me com a existência para entreter a essência. Vou de Vila Viçosa para Ponte Sor, de lá para Portalegre, daqui para Évora, preparo aulas, vou à maldita plataforma, corrijo trabalhos, oriento portefólios, respondo a emails, proponho mudanças, esclareço dúvidas, passo a ferro, cozinho, vou ao cabeleireiro, tomo café, espreito as notícias, oiço a novela, falo ao telefone, acompanho os Amigos, escandalizo-me perante o mundo, ralho com os alunos, sonho com o meu neto, faço render momentos de plenitude como a oferta de um ramo de rosas, vou à dança,desenvolvo novas competências, iludo o tempo. E, às vezes,depois de tudo isto, chego a casa e pergunto para quê? É que, se eu pudesse, faria só metade das coisas, com mais calma e mais tranquilidade. Se eu tivesse coragem para desafiar a vida, havia de fazer como na dança de hoje, ao ritmo do Kizomba e, descalça também,descalça na alma, havia de sentir a terra de verdade, a autenticidade que me faz humana, e não as obrigações que me fazem mundana.

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