domingo, 16 de outubro de 2011

Rankings e omeletes

Todos os anos isto acontece, todos os anos a ferida dói, todos os anos a humilhação ocorre, e eu não consigo habituar-me! Publicam-se os rankings das escolas e elogiam-se as primeiras, humilhando-se as últimas. A minha, felizmente, fica no meio. Se olho o início da lista, entristeço, se olho o final, alegro-me. Ficamos ali no meio, entre os bons e os maus, numa posiçao que, acho eu, deve querer dizer que somos assim-assim. Devia eu ficar contente, assim-assim não é mau, e no meu distrito somos dos melhores, mas não fico. Fico irritada, furiosa, danada mesmo. Porquê? Em primeiro lugar, porque acho incriveis estes rankings que comparam o incomparável. Gostaria que os autores dos rankings fizessem um retrato do modelo/tipo de aluno de cada uma das escolas. Depois, gostaria que divulgassem a forma como as escolas modelo selecionam os alunos que recebem.
Acontecerá como na minha escola, onde todos têm lugar, onde numa turma de 26 há quatro que são  NEE's (com necessidades educativas especiais)? Será que carregam os alunos que não querem trabalhar, que se desinteressam e arrastam nas salas de aula, eternamente, como nós somos obrigados a fazer? Duvido. O que sei é que, logo de início, só aceitam aqueles que vêm do Ensino Básico com notas elevadas, e que a disciplina é rigorosa.
Ora, pergunto eu, o que será mais difícil, mais digno de mérito? - Ajudar a ter dez valores, a concluir processos educativos e de socialização, jovens sem perspectivas, ou conseguir que alunos interessados e trabalhadores tenham boas notas nos exames?... pois é, estes rankings permitem-nos concluir verdades tão relevantes e reveladoras como as seguintes:
. Um meio socio familiar e económico elevado, favorece o sucesso educativo;
. Se se tabalhar só com alunos motivados e com firmes alicerces, é mais fácil obter bons resultados nos exames;
. A disciplina é importante no processo de ensino e aprendizagem;
. A Escola pública é mais Escola para uns, do que para outros!
Em suma, e pensando bem, ainda bem que há os rankings! Ficamos todos a saber que não se podem fazer omeletes sem ovos!!

3 comentários:

  1. Claro que é exactamente assim...não adiantam os rankings.Os resultados têm de ser vistos, com as condicionantes todas.É muito mais importante obter resultados, mesmo mínimos, mas alguns, com os alunos que necessitam de atenções especiais.
    Isso requere, muitos valores dos professores-trabalho,amor,dedicação e disciplina- Isso é que é desafiante e se conseguido,é a verdadeira glória para o professor e escolas.
    As omeletes, mais vale fazê-las na cozinha , em casa.

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  2. Podia-se era fazer um ranking de omeletes, das mistas, de queijo, de camarão, de cogumelos...

    Os rankings das escolas servem para despertar invejas, escalonamentos artificiais, humilhações, como diz...

    Eu prefiro ovos estrelados!

    Cumprimentos.

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  3. Os rankings são feitos por quem não conhece a realidade e as dificuldades das escolas. Numa escola como a minha, onde os miúdos sofrem maus tratos em casa, onde são abandonados pelos pais e entregues aos avós já velhinhos, onde não têm dinheiro para os manuais e por vezes nem para comer..., como pode uma escola assim alcançar um alto lugar no ranking??
    Srºs responsáveis pelos rankings saiam das vossas confortáveis cadeiras de pele, das salas com ar condicionado e máquina Nespresso, e venham conhecer a realidade das maioria das escolas desde país em desgraça!

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