terça-feira, 17 de julho de 2012

É mesmo verdade!

Corrigir exames é uma tarefa dura, árdua, exigente. Qualquer professor sabe isso. Eu acrescento, contudo, que pode ser uma tarefa traumática...
Foram-me entregues 25 provas de exame de 12º ano, de português, e os meus dias têm sido verdadeiramente infernais (cheguei a pensar que o calor excessivo vinha mesmo do facto de estar metida num inferno). Não é o trabalho que me aflige, estou habituada a ele. O que me apavora é o que leio! Quero crer que tive azar, que as provas que me calharam não são ilustrativas do panorama nacional, mas, ainda, assim, fico angustiada... Que os alunos chamem a uma oração concessiva, conssessiva, que troquem um complemento directo com um sujeito (ou até sugeito) enfim. O mais grave, para mim, são as enormidades que surgem no texto que visa avaliar a competência de escrita do examinando! O tema era actual, a mudança do papel da mulher na sociedade, mas os alunos, jovens na casa dos 17/18 anos (!), pareciam ter sido confrontados com um tema como " A textura do solo em Marte e a sua possível influência nas hormonas femininas!"
Como podem estes jovens participar, votar!, ter opinião, se vivem a anos luz da sociedade que integram?!
Estou a exagerar?
Digam-me que sim!:
"A mulher já  faz hoje o trabalho dos homens e os homens cozinham, até há uns que cozinham muito bem, e por isso há cada vez mais maricas, ou seja gays."
"Os homens e as mulheres, já não são como antigamente, elas já fazem coisas de homens e até eles já fazem a depilação e casam uns com os outros."
"Acho muito bem que as mulheres sejam iguais aos homens mas mais giras. Mas também há homens giros, por isso todos devem ser iguais."
"Antigamente, as mulheres eram escravizadas, mas por causa das guerras mundiais, foram trabalhar para as fábricas e ficaram iguais ao homem, mas mais livres com a minissaia."
" Na pré-história, como se pode ver em Memorial do Convento, as mulheres só serviam para ter filhos e os homens para os fazer. Mas agora tudo evoluiu e as mulheres já são independentes e não precisam dos homens. Trabalham e tudo!"

1 comentário:

  1. E as coisas não vão mudar. Há demasiado facilitismo e a maior parte não se esforça. Pois se o exemplo começa nos ministros...
    O ensino não tem sido levado a sério.


    Boas férias.

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