domingo, 30 de junho de 2013

Mastro de Sinais

A noite era escura e as luzes, amareladas, colocadas bem junto da velha fortaleza desactivada, fazia destacar o mastro de sinais. A ela parecia-lhe um esqueleto perdido, um ser fantasmagórico, esbracejando contra o ruído intenso da discoteca na areia, pedindo respeito pela sua idade, acarinhando os casais de namorados que o escolhiam como cenário para as fotografias obrigatórias das férias, mas ouvira alguém dizer que aquilo era um velho mastro de sinais. Gostou do nome e, agora, olhava-o com outro respeito desejando (quantas vezes?) que houvesse um mastro assim, com sinais, para a orientar na navegação da vida. Devia ser bom saber por onde seguir, lançar o ferro com segurança sabendo que não se deixaria levar pela corrente, atracar em portos sempre seguros. Saber-lhe-ia bem possuir um mastro de sinais e ser capaz de descodificar a informação para não naufragar a meio da viagem. Mas não tinha. Tinha, apenas, um coração tão emocionalmente analfabeto que nem os sinais óbvios do dia a dia conseguia decifrar... 

2 comentários:

  1. Quantas vezes esse mastro não é um amigo(a), uma conversa, um afecto, um exemplo, um desejo... ou um coração aberto?

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  2. Se soubessemos adivinhar o futuro, se não errassemos, se fizessemos sempre a opção certa, a vida perderia o interesse! E querias atracar para quê? Barco parado não faz viagem.

    Lena

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