segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Escada de Portaló

Nunca viajei num navio. Nunca enfrentei Adamastores feitos de vento e marés, nunca vi o céu sem luz, nunca vi peixes voadores ou amanheceres sobre as ondas. Mas já visitei navios ancorados, só para ver como era... 
E hoje, quando a noite é fria e dolorosa, recupero a fotografia da escada de portaló que me fez tremer, por vacilar, quando visitei o navio Escola Sagres. Mulher de terra, com raízes neste Alentejo tão meu, não consigo deixar de sentir uma atracção temida, paradoxo assumido, pelo mar e pelas ondas. Olho a escada corredor, estreitinha e a abanar, e penso que, muitas vezes, devia haver na vida também escadas de portaló, para nos avisarem que íamos entrar num mundo diferente, para nos prepararem para marés de desilusões, ondas de tristeza e tempestades de real destruição...
Hoje, se houvesse um navio que rumasse ao sonho-real, eu embarcaria sem receio dos tremeliques da escada de portaló!

3 comentários:

  1. Às vezes há passagens estreitas que nos levam a horizontes largos. As aparências iludem!
    Ana

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  2. O importante é ´não fazer da quilha, portaló´ !


    Jonavigator

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