quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

MENOS ECRÃS

Li, na Revista Visão, um artigo onde se defende, com base em estudos científicos realizados em países tão diferentes como a Suécia, Inglaterra e Austrália, que os alunos lêem com mais dificuldade (e menos) em ecrãs do que em livros. Provam os estudos feitos que as aulas com recurso excessivo a ecrãs são menos eficazes, as aprendizagens menos efectivas, e o sucesso, logicamente, menor. 
Como professora, não podia estar mais de acordo! Claro que é importante recorrer à internet, aos ecrãs, na sociedade dos nossos dias. É indispensável sabermos ver televisão, por exemplo. Mas, no entanto, penso que as aulas onde o ecrã se torna o centro da acção educativa não fazem sentido. Há a moda, agora, da Escola Virtual e, que me desculpem os seus defensores, sempre que passo nos corredores das escolas e vejo os alunos a olhar para o ecrã, enquanto enviam sms ou conversam com os colegas do lado, lembram-me a velha telescola! 
O processo de ensino e aprendizagem carece de proximidade, de contacto humano e de exercícios práticos. Não se pode ensinar a pensar apenas mostrando videos, é impossível aprender a escrever ouvindo e vendo escrever! A febre dos ecãs, dos power points, dos youtube, das projecções, está a contribuir para a formação de uma sociedade de acéfalos, de reprodutores de modelos e de gente acrítica.
Gostei de saber que há já estudos científicos que confirmam a minha opinião. Defendo que a escola moderna, a de hoje, tem de ser capaz de ensinar a utilização do ecrã com inteligência e não, como por vezes acontece, fazer do mesmo o projectar da idiotice passiva.
Gostava de ver as Escolas promoverem o teatro, o cinema, as idas a exposições, a educação musical. Gostava que, em vez de karaokes, os alunos soubessem, e gostassem, de ouvir um concerto de música clássica. Numa modernidade acelerada, como é a nossa, creio que à Escola cabe uma tarefa muito mais complexa do que apenas transmitir conhecimentos... À Escola, hoje, compete educar, informar, formar. Compete desenvolver o gosto pelas aprendizagens e o culto do que dignifica o ser humano. Que não se confunda o essencial com o acessório, parece-me urgente! 

2 comentários:

  1. Concordo inteiramente, a mania das máquinas está a destruir o hábito de pensar...

    Lena

    ResponderEliminar
  2. Luisa, eu que saí da escola vai para nove anos e tendo entretanto tanta coisa mudado, até posso ser considerada uma "velha do Restelo", mas realmente tenho que concordar consigo!
    Já por várias vezes vi o meu neto que anda no 7º ano fazer exercícios de Inglês num programa da dita "Escola Virtual" e o que me parece é que aquilo é feito sem a mínima concentração. Rato para aqui, rato para ali, yes or no, tudo como se fosse um jogo que não necessitasse de grande esforço de reflexão! Tudo rápido, rapidíssimo sem parar para refletir... Tudo em modo "fast"!

    E com tanto jogo onde está o tempo para aprenderem a gostar de ler? Em parte incerta, certamente!

    ResponderEliminar