domingo, 10 de dezembro de 2017

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,
Espero que tenhas computador, instagram e facebook, conhecimentos que te permitam ler um blog porque, sinceramente, ir aos correios meter a carta é tarefa exagerada para mim. Ando com preguiça. Preguiça de fazer esforços inglórios, inúteis também. Tenho preguiça, por exemplo, de defender a tua não-existência quando, contrariamente à minha Fé, te encontro em todos os lugares. Imagina que, hoje, estavas quase mergulhado nos congelados do supermercado... Também ontem me cruzei contigo, deste por mim?, à porta de uma loja triste, um bocado de lado e com as barbas por pentear. Há uns dias comprei-te em chocolate e, desculpa, os meus netos devoraram-te num instante. Enfim, espero mesmo que tenhas computador.
Resolvi aderir à época natalícia e escrever-te. Não vou pedir-te uma casa, um carro novo, alguém que me ame assim como sou. Não. Venho mesmo pedir-te algo que, acreditando que tens alguma confiança com o Menino Jesus me podes dar. 
Alías, eu não quero pedir-te que tragas nada, quero só pedir-te que leves!
Na noite de 24, ou na madrugada de 25 se estiveres já muito cansado, leva para longe a minha solidão, leva no teu saco os destroços da minha existência, leva a maldade para o Polo Norte e deita-a ao mar feroz.
Pai Natal, este ano passa aqui com o saco vazio e enche-o das minhas mágoas. Por favor!

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