quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CONSTRUÇÕES

É cedo, hoje. É noite já, mas é bem mais cedo do que a hora a que, habitualmente, chego a casa. É cedo... E, no entanto, é tarde para muitas coisas. Para quase tudo!
Vim para casa com o trabalho em dia, dei banho ao Zorba, pus a música a tocar, passeei no Facebook, e vim conversar. Conversar com o silêncio da minha solidão, um silêncio que, sei lá porquê, se torna ruidoso em excesso. 
Aproxima-se mais um  Natal. Vão chegar os netos, vão instalar-se as memórias e as saudades. Tenho saudades cortantes de tempos que nunca foram reais! Estranho, admito. 
Tenho saudades das minhas filhas pequeninas, da ternura presente do meu homem, do abraço inteiro, dos cheiros a doces e a perú assado. Tenho saudades da neve a encher o quintal, dos narizes vermelhos colados aos vidros embaciados, das manhãs a quatro na cama, brincando e enchendo de migalhas e papel de embrulho a cama grande. Tenho, fisicamente, dores intensas por falta destas memórias construídas no meu desejo de ser!

1 comentário:

  1. Luísa, recordar momentos bons, muito bons mas que jamais se repetirão só nos fará sofrer. Então para que recordar?

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