sábado, 17 de outubro de 2009

Danceteria e...formação!!

Noite ventosa e quente. Gente jovem a desafiar-me e, quando dei por mim, estava na danceteria. Podia, também, estar num filme italiano dos anos 30, ou até num dos clássicos portugueses, porque a danceteria era muito curiosa. Um salão grande, dois andares de balcão, mesas de madeira e tampo de granito, senhoras de carrapito e mini-saia a servir bebidas, dois músicos, de qualidade duvidosa, e mulheres a dançar com mulheres sob o olhar cobiçoso das barrigas masculinas encostadas ao balcão. Aos poucos, os machos ganhavam coragem ou a cerveja afastava a timidez..., e entravam em cena, muito firmes e hirtos, convidando as damas e interrompendo as conversas gulosas murmuradas. De quando em vez, a senhora de carrapito, que fazia um extraordinário equilíbrio numas andas que serviam de sapatos, entrava no jogo e, dengosa, dava um pé de dança. Melhor, dava um pernil de dança porque, sob a reduzida saia, era mesmo só a perna alva e mal depilada que sobressaía. Ri-me com gosto e dancei também, com o meu grupo, o que tentei que fosse um Tango, o que suponho que tentasse ser um Quickstep. Cheguei a casa tarde, quem me manda alinhar com os jovens?, dormi pouco e mal, vendo os sonhos serem invadidos por enormes navios, camarotes de madeira e embalos suaves. De manhã, levantei-me protestando, resmungando com o espelho (é sempre onde descarrego a minha insatisfação com o meu eu inestético) e parti para Ponte de Sôr para dar Formação. À chegada a Alter do Chão, com mais de 20 kms feitos, percebi que tinha deixado em casa a pen com TUDO O QUE PRECISAVA para a formação!! SOCORRO!! QUERO FICAR-ME PELA DANCETERIA! Gritei. A vida, claro, não se dignou responder-me... E lá voltei a casa, voando, lamentando (só nestas alturas o faço) morar longe, para buscar a pen. Até Ponte de Sôr voei! Um olho à caça dos polícias, um pé no acelerador, outro olho na estrada e em 20m chegava. Só me atrasei meia-hora... Pior mesmo, foi a vergonha do atraso!! Ainda pensei explicar aos meus colegas que até a vida se atrasa, mas não ousei provocá-los mais.
Agora, noite outra vez, estou em casa a ferver de stress, sentires, esperanças e desesperanças. Espera-me um duche, uma tentativa de me arranjar (detesto esta expressão, hei-de inventar outra) e voltar à estrada para ir aos 50 anos da minha Melhor Amiga!!! Duche, lá vou eu! Vestido preto, espero que estejas passado...

2 comentários:

  1. Pois deixa-me que te diga que, mesmo depois de todos esses stresses, eras a mais bonita no jantar da Madrinha!
    Tenho um orgulho enorme em ter uma Mãe tão linda!!!
    Beijo

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  2. Se me tivesses falado nas tigelas de marmelada, tinha-te "roubado" uma...E, depois, acredito no que diz a Joana!Eras com certeza a mais bonita!
    Beijinhos

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