sábado, 12 de junho de 2010

O Mundial

Portugal estacionou bem em frente das televisões. É o Mundial de Futebol e, neste país, onde umas chuteiras valem mais do que uma licenciatura, voltam a passear-se bandeirinhas nas janelas dos automóveis, voltam a comprar-se ridículos bonés e horrorosas t-shirts em todos os hipermercados. Esta minha gente, a mesma que muda de canal ou conta uma anedota quando a TV mostra a fome em África, quando olhares infantis pedem ajuda, sempre que aparecem famílias inteiras vasculhando restos no lixo, diz-se indignada por ter havido assaltos às comitivas e equipas que estão na África do Sul. Como se fosse mais importante o roubo de uma máquina fotográfica, do que a fome numa criança!!
No meu país em crise, com a miséria crescendo todos os dias, saber se houve lesões nos jogadores, ou em que momento vamos ser eliminados, parece vital.
Lembro-me de ouvir condenar o Estado Novo, e muito bem, por distrair o povo com Fado - Fátima e Futebol. Agora, não percebo a diferença entre o Estado Novo e este velho estado de coisas!!

2 comentários:

  1. "O Estado Novo não foi uma ditadura, foi uma democracia musculada!"

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  2. O fenómeno não é só português. Está certamente relacionado com os primórdios da sociedade humana onde a consciência de grupo se sobrepunha ao «Eu» Freudiano. Pessoalmente não me atrevo a comentar tal marcha carnavalesca mas…
    Que se trata de uma cambada de loucos, disso não tenho dúvidas.

    MFonseca

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