sábado, 5 de junho de 2010

QIM

Não é nome de cão, de gato, de peixinho vermelho ou cágado caseiro. Nem sequer é nome de uma personagem de BD, daquelas cheias de ditos humorísticos ou aventuras fantásticas. Os QIM são os Quadros Interactivos Multimédia que, na senda da febre informática e tecnológica que atacou a Educação, foram instalados em muitas escolas. Como professora, não tenho nenhuma dúvida de que o paradigma da educação tem de mudar! Muitas vezes, quase todos os dias..., penso que muitos dos problemas da Escola portuguesa se prendem com o facto de, no século XXI, se reproduzirem práticas e metodologias do século XVIII. Faz-me confusão ver os meninos em filas, alinhados, enviando sms escondidos e tentanto, muitas vezes, conseguir resistir ao sono que provoca a exposição do professor. Também é verdade que me desesperam os alunos para quem tudo é "uma seca", revelando uma apatia que revela bem a sua ignorância.
No entanto, não acredito que a salvação da Escola portuguesa passe, simplesmente, pelos QIM. Eu já assisti a sessões, e aulas..., com recurso a power points e afins que se revelaram momentos passivos, chatérrimos e ineficazes.
É por isso que, quando me tentam vender a ideia de que é com a utilização dos QIM que a Escola vai mudar, me apetece reformar-me. Já!!
Estou a prever aulas inteiras com os professores, felizes, a meter adjectivos em caixinhas, um jogo!, a arrastar imagens, que giro!, a ocultar palavras, que interessante!, enquanto os alunos desenvolvem, nos lugares, técnicas de maior e melhor utilização do software dos seus telemóveis.
A mudança na Escola - URGENTE! - tem de passar por novas atitudes didácticas, por nova organização de espaços, por novos programas, por atitudes, em si mesmas, mais activas e interactivas! Já vi aulas interactivas de facto, feitas de ensinar E aprender, sem recurso a nenhuma das múltiplas técnicas TIC. Já vi aulas com muitos recursos TIC absolutamente expositivas e desinteressantes...
Estou desgostosa com a Escola que integro. Desiludida também. Cansa ver que, ininterruptamente, insistimos na aparência. Eu queria uma Escola de facto! Feita de olhares, de toques, de partilhas reais.
Tenho tanto medo do excesso de virtualidade...

4 comentários:

  1. Professora, as coisas nem sempre são como queremos. A escola do futuro é uma desilusão.
    Cada vez mais, acho que por trás de uma escola feita de aparências, está um ensino, completamente, medíocre!
    Obrigado, muito obrigado por primar pela diferença e por me mostrar a essência do verdadeiro ensino!

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  2. Em minha opinião não se deve pôr em causa o uso das novas TI nas escolas. O problema está em utilizar aquelas que estão de acordo com a natureza profunda do ser humano, nomeadamente das crianças.
    O telemóvel está nitidamente de acordo com essa natureza, provavelmente porque o homem é um animal social e a necessidade de comunicação impõe-se à nascença e desde logo ao egocentrismo. Mas quando se trata de ensinar a «nossa ciência» e os nossos costumes sociais, a reacção é má porque provavelmente a metodologia não está de acordo com as suas «necessidades intrínsecas».
    Dito de outra maneira: os jovens estão totalmente de acordo com o hardware dos adultos. O que rejeitam é o software até agora imposto, por estar desajustado aos seus anseios e até mesmo sobrevivência.

    MFonseca

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  3. OS QIM só serão importante no processo educativo dos alunos se eles participarem ativamente dele! Os QIM devem proporcionar aulas interessantes, motivadores e cooperativas entre professores e alunos!

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