sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Factura da Sorte

Como educadora, e também como mãe, nunca concordei com os pais que, em troca de boas notas, davam dinheiro, ou outros prémios, aos filhos. Sempre pensei que a obrigação dos filhos é estudarem, darem o seu melhor, que para eles serão os benefícios, ou prejuízos, dessa acção. Sempre condenei a ideia de que os filhos estudam, ou trabalham, ou se portam bem, para satisfazer os pais. Para, como romanticamente se diz, "darem alegrias aos pais". Maior alegria é, com certeza, ter um filho responsável, consciente, conhecedor das suas obrigações e capaz de lutar pela sua vida. Assim, quando, ainda hoje, oiço os miúdos reclamarem porque tiveram apenas 70% no teste e, por isso, apenas receberão dez euros em vez de vinte, arrepio-me! 
Quando o governo do meu país fez o mesmo comigo, indignei-me! Prémios, ou "facturas de sorte", para quem pede factura com número de contribuinte?! Mas não é essa a obrigação de todos nós?! Será que os portugueses são como o cão de Pavlov e só reagem por estímulos e reflexos? Penso, sinceramente, que não! Vejo esta medida como um insulto mais aos portugueses que, como eu, pagam impostos, cumprem os deveres de cidadania e não querem um estado medíocre e idiota! Este governo é um buraco onde o lixo se acumula sobre a morte.
Estou cansada, farta, de ser maltratada pelo meu país. Cada vez tenho mais vergonha de ser portuguesa...

4 comentários:

  1. Concordo! Mais de 70% deviam ser 100 euros...
    (Estou a brincar...)
    João

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  2. Gostaria de lhe dar os meus parabéns pelo texto escrito. Foi por acaso que dei com o seu blog, particularmente com este post... Na minha opinião, se me permitir partilhá-la, considero que chegámos finalmente (e infelizmente) ao pior estado a que uma nação poderia chegar. É o reflexo de uma família (nação) sem Pai nem Mãe, órfã de ideais, de exemplos saudáveis, de alegria. A sociedade está sedada por uma ordem de ideias criada por uma máquina (governação) programada para retirar a vontade de viver em cosciência e autónomamente. Oferecer carros a contribuintes para que estes sejam incentivados a colaborar com o estado, assistir a esta epidemia de ignorância por parte de quem se tornou responsável-descartável nos últimos meses pelo exclusivo objectivo do que-jeito-me-dava-um-carro...enfim, como você disse e bem, as pessoas tornaram-se amestradas, sem perceberem. As classes burguesa-políticas que proliferaram nos últimos 40 anos, e que nos governam até hoje, conseguiram o que queriam. O estado não premia a dignidade das pessoas. Mas como poderia?..pois é, .a dignidade não tem preço. Este país é um fólclore medíocre!

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  3. Esta história da "factura da sorte" parece uma anedota trsite! Eu chamo-lhe antes "a rifa" de S. João...
    Tens razão em te indignares. Isto é mais uma vergonha...
    beijinhos

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  4. Luisa, esta ideia da "fatura da sorte" não é uma ideia genuína, mas uma ideia copiada de algures. Ainda a ideia de multar quem não pedisse a fatura e a quem não a passava, como primeiro disseram, e que toda a gente ridicularizou, não foi inventada por quem nos governa!

    Vivi um ano completo em Itália (2004-2005) e esse procedimento era vulgar por parte da existente Polícia das Finanças. Tal como outra polícia, fardada e com carros próprios! O rigor é tal que só assim se compreende (e para grande espanto nosso) que por duas vezes as meninas da caixa do supermercado que frequentávamos, saíssem a correr do seu posto para nos entregarem em mão o "scontrino", leia-se recibo! Depois habituamo-nos a não o esquecer, tal como no café e noutros locais. Lá, até nas feiras, daquelas como as nossas, os feirantes passam recibo!

    E também pergunto, qual de nós, quando nos vai um canalizador ou um eletricista a casa e nos diz: "quer com recibo ou sem recibo?", quantos/as de nós,repito, assume querer pagar mais 23%?

    Às vezes contrapomos com o civismo doutros povos mas também eles em maior ou menor grau têm a sua economia paralela... é só estar atenta à imprensa internacional para,de vez em quando, darmos com casos destes!

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