segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

OPOSTOS

Chove e venta com energia. Baco mostra-se, Neptuno responde-lhe rugindo na espuma alta. Está frio. E as gotas salgadas, trazidas pelos dedos de Baco, salpicam os cabelos. Eles saem do carro abraçados, unidos como um só, rindo da ousadia partilhada. Entram empurrados no café vazio, sacodem os casacos quentes e sentam-se ao fundo. Do outro lado, o mar assustador, vivo, grosso, cheio de Adamastores revoltados. Partilham agora uma caneca de chocolate quente, bem espesso, deixando os bigodes pintados de castanho doce. Ela conversa, ele ouve e responde. Não há lugar à agressão, à culpa ou à solidão. Ali, no silêncio sonoro do mar aterrorizador, a ternura partilhada faz sentido. Às vezes, é assim. 

1 comentário: