terça-feira, 29 de junho de 2010

Alívio e Desespero

Corrigidos e entregues os exames de 12º ano, respiro sempre uma imensa sensação de alívio. É uma tarefa exigente, desgastante, que exige concentração e que, pessoalmente, detesto fazer. Mas faço, o que tem de ser tem muita força... Depois, fico sempre pensando no pouco sentido que muitas destas práticas têm para mim.
A nossa Escola, o dito sistema, obedece a modelos obsoletos, segue o que vigorava nos séculos XVIII e XIX!, e, hoje, vivemos na era das tecnologias, do telemóvel, do imediatismo, da informação à distância de um clic. Não pode fazer sentido!
Assisti ao enfoque dado, para só citar um exemplo, à necessidade de impedir que os alunos utilizassem o telemóvel nos exames, nas aulas também. Foi a guerra. Professores a exigirem que os alunos entregassem os telemóveis, os miúdos a recusarem, uma festa. Ao mesmo tempo, noutros lugares do mundo, os telemóveis são recursos rentabilizados e explorados na sala de aula...
Temos um governo que elege como primeira priooridade para a educação a certificação dos professores nas Tecnologias e, ao mesmo tempo, anula exames a quem tiver um telemóvel consigo, ainda que desligado!!As aberrações do sistema educativo português desesperam-me! E sim, é possível mudar.
É possível, fácil, urgente e inadiável! Só que, para desespero da maioria dos professores, não será com a actual equipa do Ministério da Educação que a mudança vai acontecer...

2 comentários:

  1. Mais uma vez lhe peço para esquecer os problemas deste país monstruoso. Aproveite as férias para descansar, para ler, para passear, para estar ao lado daqueles que, realmente, merecem a sua atenção e o seu amor.

    Beijinho

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  2. Permita Dr.ª. que eu discorde um pouco de si.
    A aprendizagem e o ensino andam de mãos dadas desde que o homem se pôs de pé e passou a transmitir os conhecimentos adquiridos aos jovens que depois da sua morte o substituiriam.
    A relação ensino-aprendizagem é de carácter racional e vai sendo alterada à medida que a tecnologia avança no sentido de facilitar a transferência de conhecimentos adquiridos que entretanto aumentam em quantidade, a uma velocidade enorme.
    Parece que minha Mãe fazia as contas numa lousa usando para o efeito um ponteiro feito do mesmo material. Ora eu usei esferográficas bic não tendo pois de usar saliva para limpar «a pedra» entre duas contas de dividir. Não me admira que a curto prazo as crianças usem telas LCD para fazerem as mesmas operações evitando deste modo o consumo do plástico que como sabe provém do petróleo que tem destruído o planeta.
    O que acontece é que paralelamente a essa parcela visível e melhorada pelo progresso tecnológico, existe uma outra de raiz mais subtil que reside nos próprios genes e que não é mais do que a transferência de conhecimentos por via hereditária.
    E é aqui que o racionalismo exacerbado muitas vezes entra em contradição com a «metodologia» herdada dos nossos ancestrais onde a carga afectiva (sobretudo) é preponderante. Se de facto não existir uma forte ligação entre aluno e professor em que a afectividade e a autoridade (não formal mas sobretudo pessoal) estejam bem canalizadas, não haverá nunca QIM que lhes valha.
    Não batalhe pois contra os QINs! Lute, sim, contra o racionalismo frio dos métodos que a «ciência» tenta impor a professores e alunos.

    MFonseca

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