sábado, 21 de janeiro de 2012

Deserto

Formas diferentes desafiam o céu. Perto, o rio corre, calmo, sempre altivo e distante. Ele tem um destino certo, um porto seguro, um abraço que o acolhe sempre. Ele tem o mar para morrer. Os cactos, deslocados, crescem na defesa possível dos enormes picos. Parecem-lhe tristes, a ela, sempre que se senta no banco de tábua para beber o seu chá. Não gosta dos cactos, mas, no entanto, olha-os com alguma solidariedade. Eles também estão deslocados, fora do seu mundo, sedentos de deserto. Ela sonha o deserto também. Um deserto metafórico onde não nasçam ódios, não germinem dores, não cresçam agressões. Um deserto onde o céu a envolva num manto de estrelas brilhante, onde o fim possa acontecer na certeza de um envolvimento eterno. Um deserto, tão pouco deserto que não tenha picos. Nem de cactos! 

2 comentários:

  1. Um deserto onde se possa sentir acompanhada das suas emoções, dos seus sentires,num envolvimento terno e eterno!
    Oxalá!
    Cumprimentos

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  2. Gosto particularmente deste sítio.
    Gosto de andar lá pelo paredão rente ao rio, e a ouvir as gaivotas. Nuca me sentei ao pé dos cactos, só ando.Adoro, quando vejo esconder-se o sol, ali naquela barra amarela, atrás da palmeira, só depois ao crepúsculo abandono aquele lugar.
    É o meu mimo de domingo.De certa maneira,agora que o diz, também me parece o meu deserto particular, sim.
    Pena, agora estar em obras!

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