terça-feira, 27 de março de 2012

Agressão Urbana

Apetece-me provocar um levantamento popular, uma revolução em Portalegre, uma guerra violenta! Apetece-me gritar aos quatro ventos, pegar em paus e sair para a rua, organizar manifestações e abaixo-assinados. Não estou a conseguir aceitar a mais recente violência urbana na minha cidade!
No coração da cidade de José Duro e Régio, no centro de um nordeste alentejano que sinto carregado de magia, ali mesmo no Rossio, vão construir um mamarracho de cimento e aço, bicos e curvas, numa modernidade chocante. O Palácio Póvoas, apesar de achinesado, já chora de vergonha e humilhação. Não merecia esta vizinhança! O projecto, que vai destruir o velho Facha, surge anunciando uma Cafetaria - bem à espanhola - e terá flores no telhado e bicos de alçada(?). A Câmara Municipal da minha cidade aprovou em pleno e, ontem mesmo, só houve dois votos contra na Assembleia Municipal... Não dormi! Como se pode assim, de ânimo leve, atentar contra a dignidade de uma cidade com mais de 500 anos de História?! Não bastaria já o prédio encostado às velhas muralhas, o pavoroso monumento aos dadores de sangue, o monstro de cimento a crescer na avenida 1º de Maio, os imóveis absurdos a meio da Serra (Parque Natural?!) ?
Sei que de nada serve a minha indignação mas, ainda assim, não consigo calar-me. Sofro com a minha cidade. Sangro ao passar no Rossio antevendo o que aí vem...

1 comentário:

  1. O modernizar, na mente de muita gente, não é mais do que pôr flores de plástico num canteiro, tapar o granito com aço, substituir a telha portuguesa por cimento aos bicos...

    Modernidade é saber integrar no ambiente, coisas novas mas adaptadas ao contexto, é, sobretudo não ser piroso, é não imitar o que vem de outros lados, é não ter edifícios em forma de navio numa cidade do Alentejo a mais de 200 Km do mar...

    Deslumbrados, pirosos, abastardados, ignorantes e aculturados... é o que são!

    Cumprimentos

    ResponderEliminar