terça-feira, 2 de outubro de 2018

APRENDER A DESISTIR

Como professora, e como mulher também, sei bem que a vida se faz de muitas aprendizagens, de muita capacidade de adaptação e reformulação.  Sei, no entanto, que também faz parte da vida, da existência, a desistência. Saber dizer chega, basta, é uma aprendizagem por vezes dolorosa. Porque implica desistir de algo, ou de alguém, de um sonho, de uma certeza convicta por vezes. Nesses momentos, em mim surge um conflito interno : - A bem da minha paz interior, sinto que chegou o momento de ignorar, de deixar andar; a bem da minha inteligência racional e emocional, social também, penso que devo continuar a lutar, a querer, a acreditar. Ao longo da minha já comprida vida, passei muitos momentos assim.
Agora, quando os cabelos brancos me deveriam já oferecer alguma tranquilidade, volto a sentir-me incapaz de desistir. 
E lá volto eu, de novo, à Educação... Estou sincera e verdadeiramente cansada das muitas manifestações que, na minha opinião sustentada em muitas leituras e muitas sessões de trabalho, são vazias de conteúdo. Estou cansada de ouvir bons profissionais contestarem a mudança, fingindo - só pode ser a fingir! - acreditar que o mundo está igual ao que era há vinte anos. Estou cansada de ver levantar impossíveis que mais não são, de certeza, que resistências individuais a fazer diferente.
Acredito nos Decretos gémeos, o 54 e o 55, defendo as competências enunciadas no documento Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória e tenho a certeza, tão certa como acreditar que o sol é uma estrela, que as crianças e os jovens portugueses merecem uma Escola diferente, aprendizagens mais efectivas, metodologias mais dinâmicas e colaborativas, uma avaliação que seja mesmo PARA as aprendizagens! 
Não tenho dúvidas que não é fácil mudar, mas tenho a certeza que é impossível não o fazer...
Se calhar, eu devia desistir (antes que muitos colegas me detestem mais ainda), mas não aprendi a desistir de convicções...

2 comentários:

  1. Luísa, sim vai ter uma tarefa difícil porque ( falo pelo que sei via meus netos) ainda há mt professores a mandar ler pelo livro, a passar “PowerPoints” para os alunos copiarem etc. etc! Dá trabalho fazer diferente... mas não desista, se houver alguns que queiram mudar já vale a pena!
    Dalma

    ResponderEliminar
  2. Luísa, faço minhas todas estas tuas palavras, nunca pensei que algumas escolas portuguesas tivessem parado no tempo, escondidas atrás de atividades «espetaculares», escolas onde as aprendizagens sólidas não interessam, onde a diferença é maldita ...
    Desistir, nunca!
    Maria Cristina Moura

    ResponderEliminar