terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Refazer

Numa destas leituras apressadas que uma ida ao cabeleireiro proporciona,  olhando os bonecos humanos que enchem as revistas ditas cor de rosa, eu acho que deviam chamar-se negras!, encontrei uma espantosa declaração de Alexandra Lencastre. Dizia ela que, ao aproximarem-se os 50, sentiu necessidade de se refazer. Precisava, garantia sorrindo, de se sentir bem ao olhar-se ao espelho e o tempo, declarava numa pseudo intelectual citação, "Não se pode travar". Assim, esticaram-lhe a boca, sugaram-lhe as gorduras, passaram-lhe a ferro as rugas e, em breve, irão ainda esvaziar-lhe os papos sobre os olhos.
Lendo a descrição das cirurgias, fica-se com a ideia que a senhora estava um cavaco (desta vez sem ofensa para o Presidente...). Mas, olhando para as fotos do antes e do depois, não se vê muito bem o que mudou. Eu, pelo menos, não vi! Continuo a achá-la uma mulher muito interessante.
Mas fiquei a pensar que deve ser bom podermos refazer-nos.
Acho que, se pudesse, eu também gostaria de me refazer! Não tiraria rugas, cada uma tem uma história que não quero apagar, não esticaria os olhos, não gosto de chinocas, não esvaziaria papos que representam, na sua maioria, momentos de sabores fantásticos. Mas, sem dúvida, refaria algumas escolhas, alteraria algumas opções. Acho, por exemplo, que não desperdiçaria um único segundo que pudesse gastar junto dos amigos de verdade, não faltaria nunca às aulas de dança (que saudades!), não deixaria de gastar muitos minutos desfrutando o prazer de nada fazer. Se pudesse, recuperaria todos os momentos que deixei por viver, cedendo a prioridades alheias, e não diria nunca não a uma ousadia saudável. Se eu pudesse refazer a minha vida, nunca, tenho a certeza, teria apoiado o governo carrasco do país que eu amo...

1 comentário:

  1. Infelizmente o tempo não volta para trás... e o refazer não será mais do que o reaprender a vida.

    Tentar não cometer os mesmos erros, não ser imprudente, acreditar na amizade sincera e no verdadeiro amor que está sempre à nossa espera.

    A melhor parte fica para as ousadias saudáveis... foram muitas?

    Cumprimentos.

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